E de repente eu percebo que tenho tempo pra postar.
Um belo dia apareceu um senhor na mesa em que eu estava. Ele tentava vender um livro que escreveu. Eu acho que comprei apenas porque eu já havia tomado algumas cervejas e achei o senhor simpático. Nunca imaginei que ele iria me impressionar com alguma coisa que ele escreveu. Na verdade, o senhor me surpreendeu sim, negativamente é lógico.
Olha :
“Novo Amor
O tempo é o melhor
Remédio para feridas profundas,
Causadas pelo amor.
Resolvi dar um tempo.
Para ver se agüentava…
O tempo passou e a ferida cicatrizou.
Aí, veio um novo amor,
Preenchendo por completo a minha vida.”
(“Calça Verde”) é o nome dele porque ele usa uma calça verde.
Haha. Todo mundo acha que pode, acha que é pop, acha que é poeta, né? Esse senhor diz:
“-Sou um poeta, vivo da minha poesia
E o que eu mais quero na vida é amor e alegria!
Mas, as minhas poesias
Transmitem tristezas…
Pois é só o que eu encontro
Por todas as redondezas.
Mas, um dia, todos saberão
O que existe em meu coração,
Que é paz, amor, prosperidade…
E ficarei bem falado por toda essa cidade.”
Ele diz que vive da poesia dele, eu duvido. E o que ele mais quer na vida é amor e alegria,mas quem não quer isso num é verdade?
Mas as poesias dele transmitem tristezas, hehe e como transmitem!
Ele acha que algum dia todo mundo vai saber que no coração dele tem só “paz, amor e prosperidade”. Ele usa esses conceitos abstratos que com certeza não comovem, até porque não é verdade. Ele é só um ser humano, um dos mais perdidos que eu já vi.
Eu de verdade tenho muita pena desse cara. Eu não sou um poeta e nem nunca serei. Mas eu to aprendendo a identificar essas coisas. Isso é ser um poeta:
“Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.”
(“Fernando Pessoa”)
Eu adoro Fernando Pessoa.